do jornalismo de tecnologia brasileiro
7 fevereiro 2007
Em uma conversa sobre o mercado brasileiro antes da coletiva, o executivo Hiroshi Kishima, gerente de produtos da Semp Toshiba, me interrompeu para perguntar se eu conhecia alguém do “Estadão online” (as palavras são dele).
Disse que sim, mas só de vista. Perguntou então se eu tinha vazado alguma informação ao veículo, supostamente concorrente. A evidente resposta era não.
Kishima afirmou achar estranho então que a mesma notícia sobre o lançamento do primeiro tocador no formato HD-DVD da empresa tenha sido remarcada para o primeiro semestre deste ano, sendo que a única entrevista que ele havia dado sobre o assunto foi para mim.
No site do Estadão, está a prova para o estranhamento de Kishima.
No mesmo dia 18 de janeiro em que a notícia do Now! foi publicada, Alexandre Barbosa, que estreou um recente blog no portal, assinou nota citando o atraso do player HD-A2 e sua provável chegada ainda no primeiro semestre.
A notícia do Estadão, diz o horário, subiu às 16h54. A original do Now!, 11h38 do mesmo dia 18 de janeiro.
(Caso a notícia seja apagada, cá está uma boa e velha captura da tela, feita na noite desta terça-feira, 6 de fevereiro – clique nela para ler)
Voltei a perguntar com quantos jornalistas ele tinha falado sobre o assunto até então, e Kishima voltou a citar apenas meu nome.
Tente entender: não foi o jornalista que enquadrou a fonte sobre uma possível entrevista do concorrente. Foi o próprio executivo que se revelou surpreso ao dar apenas uma entrevista e ver duas notícias com teor idêntico.
No jornalismo online, é normal que um veículo dê uma notícia antes e que seu concorrente não a descarte por questão de importância. Apura-se a nota de maneira decente e se publica. Aqui, o próprio executivo nega a apuração.
Na real: não me assustaria a cópia de notícias por sites concorrentes (é péssimo ficar calejado neste aspecto), mas me surpreende demais um executivo chamar a atenção para do jornalista que publicou a notícia originalmente sobre o caso.
E não o contrário. Estranho este setor do jornalismo brasileiro que cobre tecnologia – na minha terra (ou em qualquer outra), isto se chama outra coisa.
Update: Agora é novembro e a notícia saiu do ar. Mas o printscreen acima é nosso pastor e nada nos faltará.
7 fevereiro 2007 at 10129 pm
:O
Como te disse alguns posts atrás, CTRL+C CTRL+V é caminhar para a morte. Parabéns pela coragem de noticiar isto.
Grande abraço
7 fevereiro 2007 at 20219 pm
Meu querido ídolo,
estou hiper feliz com a notícia e confesso que extremamente surpresa. jamais imaginava que a FONTE tinha esta consciência. Valeu muito e vai virar pauta do Freelancer – o Profissional que Rala
7 fevereiro 2007 at 40430 pm
Gui,
a gente sabe – e sofre bastante com isso – que esse tipo de prática, infelizmente, está mais disseminada do que as pessoas imaginam. Como te disse aqui na redação, me surpreende a reação do executivo em te questionar.
No entanto, Ceila, não vamos nos enganar: os caras das empresas não acham a cópia uma coisa ruim. Pra eles, é uma mão na roda. Afinal, basta dar uma entrevista para algum veículo sério e esperar que todos os outros copiem a notícia, que assim terá um alcance muito maior. Cabe às empresas jornalísticas que prezam o jornalismo – e não a cópia – tomar medidas para evitar que o trabalho de seus funcionários seja chupinhado a “torto e direito”…
7 fevereiro 2007 at 40443 pm
Concordo com o Alê – e sem precisar chegar a radicalismos como o do Globo Online, que usa scripts pra bloquear a cópia de textos (aqui o buraco é mais embaixo, já que jornais pequenos do interior do Brasil copiam e colam em suas notícias…)
7 fevereiro 2007 at 40458 pm
Sem entrar no mérito deste post específico, também acho que a questão do privilégio da informação é mais embaixo e que cabe às empresas de jornalismo se posicionarem para proteger algo que é patrimônio delas. Afinal, quando somos contratados, assinamos um termo concordando que toda a nossa produção pertence a eles, certo?
7 fevereiro 2007 at 70740 pm
Bravo! Já era hora de alguém falar dessas “coincidências editorais” que a gente tá cansado de ver por aí.
7 fevereiro 2007 at 70743 pm
Ratinhoooooo! http://www.youtube.com/watch?v=-CEnRG68j70
Sensacional Felittão!
7 fevereiro 2007 at 70751 pm
É bem bonito ver uma atitudide dessas com nome, sobrenome, data e horário!!! Especialmente pela dúvida ter nascido em uma fonte…
Caso não fosse tão triste, seria até engraçado.
Parabéns, Gui…
abs
10 fevereiro 2007 at 50527 am
Já vi aqui em Floripa algumas publicações impressas simplesmente copiar matérias do IDG Now. ALgumas das vezes, chegam a dar crédito, mas editam a matéria como querem.
Guilherme, cheguei no blog pelo da Ceila. Legal, tá no favoritos. Abraço.
13 fevereiro 2007 at 10115 am
É, Rodrigo, com a pequena diferença que o Estado de São Paulo tem maior representação no segmento de TI que qualquer publicação de Santa Catarina – sem ofensas, por favor.
Abraço,
12 março 2007 at 30300 am
[…] vamos esclarece algo: não defendo classe nenhuma – quem tá dentro sabe muito bem como é -, mas admitir que “nenhuma opinião, jornalisticamente falando, é 100% firme no […]