Há bastidores que interessam mais que a própria notícia, seja pelo baixo impacto que ela ainda causa ou pelos detalhes do percurso que nem sempre a objetividade jornalística permite encaixar na nota.
Ao tentar repercurtir uma notícia publicada pela britânica MacWorld, do IDG internacional, sobre novas lojas da Apple na América Latina, a colega Daniela Moreira ouviu da assessoria de imprensa da Apple Brasil que a responsável pela Apple Store no Brasil é a Fast Shop.
A mesma assessoria que, dias antes, me dissera com uma estranha informalidade ao tentar confirmar a afirmação do presidente do Iguatemi Empresas de Shopping Centers, Carlos Jereissati, que “mesmo se fosse verdade, a Apple Brasil não falaria”.
Um toque deste blogueiro/jornalista sobre uma conversa tida com o cumpadre Henrique Martin em outubro, que virou post no seu Zumo, a levou a conversar também com a StarComputer, revendedora de equipamentos de informática.
De um executivo do alto escalão da StarComputer, ouviu que a Apple havia procurado a loja para montar e administrar as Apple Stores no Brasil. A oferta foi rejeitada. Procurada, a assessoria da Fast Shop confirmou a parceria para as lojas e prometeu uma entrevista com o presidente da cadeia no Brasil.
Tudo passou-se na tarde do dia 10 de dezembro, uma segunda-feira. A entrevista estava prometida para a manhã da terça, quando então Moreira publicaria a nota.
Estava. Na manhã da terça, as assessorias tanto da Fast Shop como da Apple Brasil voltaram atrás nas informações dadas anteriormente e, sem surpresas, o presidente da rede de lojas não foi encontrado para uma entrevista.
A notícia foi ao ar citando uma fonte próxima ao assunto, mas sem nenhuma das três confirmações oficiais que a repórter ouvira no dia anterior e retiradas às pressas.
Entre os envolvidos na apuração, ficou a forte impressão de que, ao constatar a trapalhada de comunicação com a língua mole de determinados assessores, ambas as empresas resolveram calar-se.
O suposto oferecimento para a StarComputer e a parceria fechada com a Fast Shop seguem a revelação de que a Apple teria oferecido primeiramente a responsabilidade para o Grupo Pão de Açúcar, segundo seu diretor de comércio internacional, Alexandre Lodygensky.
Assim como os espaços no Extra, parece faltar algo no vazamento de dados sobre a tal Apple Store no Brasil: o envolvimento da própria Apple – é admirável juntar as peças e perceber que a empresa parece oferecer o projeto das lojas como quem tenta se livrar de algo.