a buenos aires high-tech

4 setembro 2007

Dá pra falar coisa pra caralho de Buenos Aires.

A começar pela estrutura de turismo de dar inveja ao país – em qualquer esquina, você encontra mapinhas para turistas desinformados -, passando pelo explosivo número de livrarias na capital portenha, pelos humilhantes preços de comida (mesmo em recantos assumidamente turísticos) ou pela ostentosa arquitetura do centro, preservada e ainda usada pela população em prédios comerciais, restaurantes estilosos ou órgãos do governo.

Mas nós vamos falar de tecnologia – depois de se arriscar até em jazz, tava na hora, né Guilherme? E, quando se fala em tecnologia, Buenos Aires está alguns quilômetros na frente do Brasil não apenas por já ter sua loja oficial da Apple (um dia o Brasil ainda tem a sua, calma).

A já citada estrutura invejável de turismo de Buenos Aires é um dos principais cases de bom uso de tecnologia pelo governo da província, a começar pelos tours guiados pelo celular.

Ao invés de apelar para um guia ou para seu falho senso de direcionamento com os mapinhas gratuitos na mão, a prefeitura de Buenos Aires instalou placas de mármore no chão (como está abaixo) nos principais pontos turísticos da cidade.

Com um celular em mãos, o turista envia um SMS e recebe não apenas instruções em texto sobre a atração à sua frente, mas também (em aparelhos mais poderosos) um podcast que detalha a importância da atração.

Se é de graça ou não, sinceramente não sei. Mas a função é o desmembramento da estratégia que a prefeitura expõe no site oficial da cidade – ali, é possível montar roteiros próprios pela cidade ou baixar podcasts e direções conforme bairros ou figuras históricas do país, como Carlos Gardel, Evita Peron ou Jorge Luis Borges.

A academia chama o que a prefeitura portenha está propondo de realidade expandida – a tecnologia faz com que aquela realidade se torne mais rica graças à introdução de informações por meio de redes e aparelhos comunicacionais, sem apelar para guias regionais.

Em São Paulo, veja bem, nem bem os podcats hospedados em site com este propósito turístico funcionam bem. Ao visitar a exposição de Edgar Degas, que rolou em 2006, queira ter baixado o MaspCast, nome do podcast do museu, para acompanhar a exposição.

O único arquivo disponível no site da instituição, porém, era da exposição “Lina Bo Bardi – Arquiteto“, em homenagem ao responsável pela construção do museu, que ocorreu no comecinho do mesmo ano, quando o serviço foi lançado.

No metrô, onde é possível não apenas fazer ligações como também navegar na internet (algo que o governo do Estado de São Paulo está prestes a oficilizar nos trens do Metrô paulistano), é também por SMS que a administração encoraja passageiros vítimas de furtos a registrarem ocorrências – ao invés de esperar o trem parar na próxima estação, o usuário manda seu SMS indicando a estação onde ocorreu o delito dentro do próprio trem.

Neste caso, o serviço é gratuito. Dentro dos trens, melhor ainda, o acesso à internet sem fio é gratuito, diferentemente do método praticado normalmente em Buenos Aires – nas ruas pelo menos, o uso das redes obedece ao mesmo princípio de planos de acesso que Telefônica e Vex oferecem em São Paulo.

Em algo referente a tecnologia, Buenos Aires é deixada no chinelo por São Paulo. Ao procurar o Google Maps para fazer um mashup com alguns dos lugares visitados na viagem, tive a infeliz surpresa de saber que o serviço do Google não traz nomes de ruas potenhas.

Até aí, a culpa não é da prefeitura. Não se deixe levar pelo câmbio (hoje, cerca de setenta centavos de real compram um peso argentino). Quando o assunto é tecnologia, Buenos Aires passa São Paulo com certa folga.

1 – Os argentino homens trocam beijinhos no rosto sem qualquer pudor, algo que (nem todos) brasileiros fazem apenas com pessoas mais próximas, tipo pai. Ao voltar da Boca de ônibus, um rapaz beijou a todos seus amigos com direito a mãozinha no rosto na hora que desceu na Plaza de Mayo. Minha reação (guardadas as particularidades, por favor) foi a mesma a ver a peitarada na praia espanholsa – choque de cultura, choque de cultura. E sem comentários homofóbicos, por favor.

2 – Argentinos adoram futebol e os horários são bem diferentes dos brasileiros – partidas começam perto das 14h e se estendem, em seqüência, até perto das 20h. Não é de todo jogo que os canais têm direitos de transmissão. Pra driblar isto, a Fox News  Sports apela pra algo extremamente estranho: até o começo da partida, a imagem é do campo com os jogadores posicionados. Começa o jogo, a câmera se foca apenas na torcida, com o narrador ao fundo. Então são dezenas de inchas enfurecidos, mulheres de torcedores entediadas, crianças com o dedo no nariz (sério, eu vi duas) e faixas no estádio enquanto o locutor narra.

3- Bairro mais elegante de Buenos Aires, Palermo mistura o Jardins com a Vila Madalena em São Paulo. Mas, além das botiques, Palermo também tem calçadas forradas por merdas caninas, provavelmente da legião de Goldens que a cidade tem. Andar pelo bairro é passear por um campo minado.

4 – Do lado do zoológico, há o Jardim Botânico de Buenos Aires, extremamente bem cuidado e gelado até a alma. O passeio é de graça, não fosse um problema: a carência afetiva da multidão de gatos que habita o jardim. É só sentar em um dos bancos que algum das dezenas de gatos que moram no Jardim venha se afofar em você e sentar no seu colo.

buenos aires? san pablo?

28 agosto 2007

Semana passada teve Paralamas, hoje tem Caetano Veloso e semana que vem tem João Bosco. No boteco Romário, só tem Brahma pra tomar. Na elegância das lojas de Palermo, a cada esquina tem algum sotaque mineiro ou paulistano falando alto (ô sina brasileira…).

Eu viajei pra ficar longe, mas, em certos momentos, sinto que ainda estou no Brasil.

1 – O tango é um esporte nacional e resvala no bairrismo exagedaro. Durante a final do V Campeonato Mundial de Dança de Tango, o delírio era geral quando duplas da Capital Federal, como eles chamam Buenos Aires, entravam no palco. Quando o casal norte-americano subiu, ensaiou-se uma vaia. No final, ganhou uma das muitas duplas de Buenos Aires, pro orgasmo musical da platéia.

2 – Carros param antes da faixa quando há pedestres andando. Sério. Mesmo que o sinal esteja verde.

3 – Os cafés são caros por que acompanham água com gás, biscoitinhos e, em alguns casos, as famosas medialunas, numa demonstração explícita de barismo de qualquer boteco na cidade. Cervejas também são caras, com uma única exceção – por 8 pesos, compra-se uma long neck de Brahma ou Stella Artois ou um litro de Quilmes. Viva a Quilmes.

4- Aliás, argentinos não têm vergonha nenhuma em apontar. Ao sair do campeonato de tango, fui brindado com um dedo na cara de um senhor indicando ao garçom que queria a mesma Quilmes de litro que eu estava tomando. E uma senhora do lado não se fez de rogada para também pedir a mesma milanesa com purê que eu comia.

5 – No ranking porteño da freqüência, aparece em terceiro (alfajores em primeiro, cafés em segundo) as barraquinhas de flores na rua. Some-se ao bucolismo do frio, o exagero de cafés em lugares charmosos e aqueles prediões antigos bem iluminados no meio da noite pra entender (só um pouco) o romantismo de Buenos Aires.

6 – Metade dos taxistas argentinos já morou no Brasil. A outra metade tem uma condição que os impede de falar qualquer coisa depois que o passageiro se acomoda no banco de trás.

7 – De cada 10 argentinos que têm cachorros, uns 8 têm Goldens Retrievers, que povoam as praças correndo de um lado pro outro.

8 – Falando em pêlo, em quatro dias de Argentina, vi hoje o primeiro careca. Não há pessoas com pouco cabelo em Buenos Aires. E, quando há, não faltam olhares de repreensão – eu que o diga.

9 – Por fim, estamos na Europa da América do Sul, mas há casos constantes de filas furadas (no Campeonato de Tango foram duas na nossa cara), tias velhas que se arrastam pela rua quando você está com pressa e falta de habilidade de qualquer cristão para lifar com guarda-chuvas.

Pequenas estranhezas de Buenos Aires

1 – A Universidade de Palermo patrocina Os Simpsons na Fox portenha. Há, inclusive, uma febre da família na cidade – muitas bancas vendem postêrs do desenho e os supermercados estão inundados de produtos.

2 – Mesmo com um frio de até 3º à noite, muitas argentinos preferem ficar nas mesinhas externas dos restaurantes climatizados. Loucura demais para quem quase teve as orelhas necrosadas (exagero, hein, Guilherme?).

3 – Buenos Aires não tem padaria, mas tem cafés em cada esquina. O número de cafés só não perder para o de marcas de alfajor – são dezenas.

4 – Sim, as pessoas deitam nos gramados bem cuidados das inúmeras praças e dormem de roncar enquanto tomam sol na hora do almoço.

Té Caliente 2.0

25 agosto 2007

argentina
Vinhos que continuam baratos, praças que pipocam bem cuidadas pela cidade, frio de gelar espinha e a primeira viagem de férias em seis anos.

O Chá não entre em recesso (dá-lhe banda larga na hospedaria!), mas a blogagem entra em “operação Tartaruga”. Afinal, eu tenho mais o que fazer, porra!

Tem twittagem corriqueira lá no Twitter.

argentinaCada um tem a Vila Olímpia que merece. A região de Puerto Madero, na zona norte de Buenos Aires, era um bairro marcado pela decadência dos seus galpões abandonados da época em que a área servia para que navios, em tráfego pelo Rio de la Plata, se abastecessem.

De três anos para cá, a prefeitura investiu pesos o suficiente (este é um post apaixonado, não jornalístico, ok?) para transformar Puerto Madero num polo de negócios. Deu certíssimo.

O que eram galpões abandonados antes hoje são as sedes gigantescas de empresas do naipe de 3M e Oracle, na beira dos quatro diques que ligam o bairo separado do “continente” pelo canal – os prédios da Microsoft, Sun e IBM estão ali, na entrada do primeiro dique.

E onde era brejo, hoje se levantam os hotéis mais luxuosos e de Buenos Aires, como o espetacular Faena, além de lofts e conjuntos corporativos dignos de filmes do Brain de Palma.

Do outro lado do canal, a Pontifíce Universidade Católica Argentina se espreme com uma alameda interminável com lojinhas (medonhas) e restaurantes metidos a cool com uma vista que tonra qualquer passeio despretensioso em um dia de sol o evento mais romântico do planeta.

Ao contrário da nossa Vila Olímpia, Puerto Madero está há 4 quarteirões da Plaza de Mayo, onde dezenas de hermanos deitam tranquilos no gramado em frente à Casa Rosada toda hora do almoço para conversar, beber uma Pepsi (que paranóia portenha é essa?) ou até mesmo dormir.

Por aqui, a simples caminha durante um almoço nos proporciona calçadas bombardeadas e o costumeiro odor fresco do Rio Pinheiros.

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